29 fevereiro 2008

O achamento do Brasil (II parte-Tordesilhas)

Na sequência do "post" anterior resolvi investigar um pouco mais profundamente esta matéria e encontrei algumas coisas interessantes. Já vimos, portanto, que antes de Cabral alguns espanhóis estiveram no que hoje é o Brasil. De notar que as próprias autoridades brasileiras de Pernambuco/Cabo de Santo Agostinho, aquando do cinquecentenário, deram algum relevo a esta situação tendo comemorado a data da chegada (em 26 de Janeiro de 2000) de forma institucional e com a presença de uma delegação espanhola.

Comecemos com a 1ª viagem à América de Colombo (1492). Este, que julgava ter chegado à Índia, no seu regresso veio directamente a Lisboa onde se encontrou com D. João II. O nosso rei, na sequência das conversas que teve com ele, reclamou para si as terras descobertas pois, de acordo com o Tratado de Alcáçovas-Toledo (1479), estas estavam dentro da sua área de influência ou seja a sul do paralelo que passava pelo Cabo Bojador/Canárias. E tinha toda a razão, como se pode ver na figura seguinte.


Quem não gostou mesmo nada da reclamação foram os soberanos Fernando (de Aragão) e Isabel (de Castela), que tinham financiado a viagem de Colombo, os quais recorreram para a autoridade máxima na época, o Papado, que era então ocupado por Alexandre VI, espanhol e amigo dos Reis Católicos.

Este senhor decidiu, evidentemente, a favor dos seus amigos e, em 1493, alterou a linha divisória de Alcáçovas (um paralelo) para um meridiano que passasse 100 léguas a oeste de Cabo Verde. Depois de muitas negociações, D. João II abandonou a sua proposta inicial que mantinha um paralelo como divisória, mas exigiu que o meridiano se deslocasse para oeste mais 270 léguas. E assim foi assinado o tratado de Tordesilhas, em 7 de Junho de 1494, com a linha 370 léguas a oeste de Cabo Verde. Entre os portugueses que assinaram o tratado encontrava-se um competente e conhecedor geógrafo, Duarte Pacheco Pereira, que também já andara por terras sul-americanas. Veremos o seu papel no achamento do Brasil em próximo "post".

14 fevereiro 2008

Brasil ... quem o descobriu (ou achou)?

Em termos "oficiais" não há dúvidas ... Pedro Álvares Cabral chegou a Porto Seguro em 22 de Abril de 1500 e foi o primeiro europeu a pisar terra brasileira. Inicialmente pensava-se ser uma ilha e foi chamada de Vera Cruz; mais tarde deram-lhe o nome de Terras de Santa Cruz. O termo "Brasil" aparece tempos depois e deriva da actividade comercial relacionada com o "pau da tinta" ou "pau-brasil".
Parece, no entanto, que esta história precisa de alguns acrescentos. Em relativamente recente passagem pela Galiza tomei contacto com a réplica da caravela Pinta, situação já aqui referida. A Pinta fazia parte da esquadra de Colombo que descobriu a América (1492) e foi o primeiro navio a regressar à Europa (Baiona) trazendo a grande novidade. Era, na altura, comandada por Martín Alonso Pinzón e tinha como mestre Francisco Martín Pinzón, irmãos de Vicente Iáñes Pinzón que, por sua vez, comandava uma outra caravela da mesma esquadra, a Niña. Tudo isto para dizer que os Pinzóns, de Palos de la Frontera, eram navegadores/armadores de grande poder e riqueza, estando envolvidos em toda a actividade relacionada com a descoberta de novos mundos, a qual tinha uma substancial componente comercial ... digamos que, embora arriscado, era um belíssimo investimento. Um exemplo: a primeira viagem de Vasco da Gama à Índia rendeu 60 vezes o investimento feito.

Pois a família Pinzón aparelhou quatro caravelas que, sob o comando de Vicente, largaram de Palos de la Frontera em Dezembro de 1499, havendo notícia de que chegaram ao Brasil (Cabo de Santo Agostinho, a que chamaram de Santa Maria de la Consolación) em 26 de Janeiro de 1500, 83 dias antes de Cabral. Entraram também na bacia do Amazonas, então baptizada de Mar Dulce. A razão para tudo isto ter sido escondido parece estar relacionado com o facto do Tratado das Tordesilhas ter sido assinado em 1494 e as terras descobertas estarem na parte atribuída a Portugal, não podendo portanto ser reclamadas pelos espanhóis. Talvez por isso a viagem foi um fracasso económico que levou os Pinzón a quase falirem.
Mas o assunto não acaba aqui e indo um pouco mais longe, ou mais cedo, encontramos ainda algumas surpresas ... mas estas ficam para um próximo"post".

01 fevereiro 2008

Foi neste local ...


... há cem anos, que aconteceu o regicídio. O local é o Terreiro do Paço, em Lisboa, quase na esquina com a Rua do Arsenal. Vivia-se um clima altamente conspirativo e esta tragédia marcou o início do fim da Monarquia Constitucional ... a República estava definitivamente a caminho.



Este é o landau usado pela família real nesse dia. Julgo que pode ser visto em Vila Viçosa.