25 abril 2008

34 anos depois ...


... é Abril outra vez.

(Pergunta pouco inocente: "... e não se pode exterminá-los?"

25 de Abril


O FUTURO

Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente quer outra gente

Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente

Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.

O que é preciso é termos confiança
se fizermos de maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.


(de José Carlos Ary dos Santos)

17 abril 2008

O achamento do Brasil (IV parte - Cantino)

(Para ampliar, "clicar" na imagem)

O Planisfério anónimo de 1502, dito "de Cantino" (ver o "post" anterior) tem uma história muito curiosa que vale a pena referir neste contexto. Alberto Cantino era um assalariado do duque de Ferrara e funcionava como espião em Lisboa nos finais do séc XV, tendo conseguido, presume-se, subornar um cartógrafo da casa real para elaborar um mapa com os últimos conhecimentos dos portugueses sobre esta matéria. O mapa em questão já estava em Itália em 1502. Faço notar três pormenores (entre outros) que chamam a atenção. A extrema perfeição do continente africano (que em 1502 tinha sido contornado apenas por três vezes), a extensão desenhada da costa brasileira e a representação de parte da américa do norte, incluindo a Florida (oficialmente só seria descoberta em 1513 por Juan Ponce de León, na imagem à esquerda, que aí procurava a fonte da juventude). No que diz respeito à costa brasileira verifica-se que os elementos aí desenhados devem ter tido origem em explorações efectuadas antes da descoberta oficial do Brasil em 1500. De facto, a primeira expedição que oficialmente cartografou a costa brasileira partiu de Lisboa em Maio de 1501, dirigida por Gonçalo Coelho, e regressou em finais de Julho de 1502 não havendo, portanto, tempo útil para usar os dados adquiridos na feitura do mapa de Cantino. Tudo parece indicar que havia conhecimento seguro da existência de terras por aquelas paragens (e não só) muito antes de 1500 e que estavam claramente referenciadas no Arquivo Real existente na Casa da Índia, sítio de onde saíram os elementos que serviram para a criação da carta, a primeira que mostra não só a Europa e África mas também as Américas e a Ásia, a qual foi vendida ao duque de Ferrara.

O mapa foi guardado na biblioteca do duque durante quase um século até ser transferido para Modena (1592) pelo Papa Clemente VIII. Em meados do século XIX desapareceu, tendo sido encontrado a servir de cortinado num talho da cidade. Foi recuperado e encontra-se desde então (1868) na Biblioteca Estense (o duque de Ferrara desta "estória" chamava-se Hercules d'Este). É considerado uma obra-prima da cartografia portuguesa do séc XVI.