20 março 2008

O achamento do Brasil (III parte - Duarte Pacheco Pereira)

No seguimento do "post" anterior vamos ver então o que se pensa ter sido o papel deste reconhecido cientista (geógrafo e cosmógrafo) no achamento do Brasil. Diga-se que fazia parte da delegação portuguesa que assinou o Tratado de Tordesilhas em 1494. Quatro anos mais tarde é-lhe confiada, por D. Manuel I, a missão de explorar a "quarta parte", como era conhecido o quadrante oeste do Atlântico Sul. Existe um manuscrito deste senhor ("Esmeraldo de situ orbis") de 1505 (?) que a páginas tantas diz o seguinte:
"Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados."
Parece que Pacheco Pereira chegou ao Brasil por altura de Marinhão/Pará, tendo estado na Ilha do Marajó e na foz do Amazonas. No seu regresso toda esta história foi mantida secreta pois julgava-se que as terras alcançadas eram, de acordo com Tordesilhas, pertença dos espanhóis.
Pacheco, que mereceu uma referência de Camões nos Lusíadas, Canto X, onde é chamado "o grão Pacheco, o Aquiles lusitano", não teve um final brilhante. Já com D. João III a reinar foi preso, acusado de contrabandear ouro de África, e embora ilibado morreu em 1533, pobre e abandonado. O seu manuscrito apenas foi redescoberto em 1892.
Mas a "descoberta" do Brasil não acaba aqui ... a primeira carta geográfica onde, sem qualquer dúvida, ele foi assinalado é o Planisfério de Cantino, já de si uma cópia de documentos portugueses anteriores, que apareceu em 1502. A perfeição deste mapa que hoje se encontra na biblioteca de Modena, em Itália, é extraordinária (ver imagem seguinte) e a sua história levanta outras questões que serão objecto de um próximo"post".



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