24 junho 2006

Obras de Santa Engrácia

Na sequência do "post" sobre o Panteão Nacional, aqui vai a lenda das "obras de Santa Engrácia", aquelas que, de acordo com a sabedoria popular, parecem nunca mais acabar.
Esta triste "estória" julga-se ter tido origem nos infelizes amores de um cristão novo, de seu nome Simão Pires de Solis, por uma freira do convento de Santa Clara. A primeira igreja de Santa Engrácia edificada naquele local, hoje Largo de Santa Clara, foi mandada erigir pela Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I, em 1568. Acontece que o seu sacrário foi roubado por desconhecidos, tendo o pobre do Simão sido apanhado em circunstâncias comprometedoras nessa mesma noite, durante uma visita furtiva à sua namorada. O roubo era grave e sacrílego. Embora negasse o seu envolvimento Simão Pires foi condenado à morte e a igreja teve que ser demolida (1630), começando imediatamente a construção de um novo templo. A caminho do cadafalso, Simão por lá passou e, em voz alta para todos ouvirem, disse: " Tão certo como eu ser inocente, as obras desta igreja nunca mais acabarão."
A nova estrutura ruiu, durante uma tempestade, em 1681. No ano seguinte foi iniciada a construção da 3ª igreja que apenas ficou pronta, quase trezentos anos depois, em 1966 (!). A lenda não guardou o nome da freira envolvida.
Segue-se um exemplo actual de umas "obras de Sta Engrácia", os trabalhos que decorrem há não sei quantos anos no Terreiro do Paço, em Lisboa, relacionados com o Metropolitano. Esperemos que não se chegue aos trezentos, desta vez.

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